Assistentes sociais sobem a ladeira por liberdade no 18º CBAS em Salvador
Data de publicação: 7 de dezembro de 2025
Fotos: Diogo Adjuto e Rafael Werkema
Créditos: Diogo Adjuto
O maior evento do Serviço Social no Brasil terminou neste domingo em Salvador (BA). O 18º Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS) marcou sua primeira edição presencial pós-pandemia reunindo 4.500 pessoas, de 3 a 7 de dezembro de 2025, em uma programação intensa: debates, rodas de conversa, apresentação de trabalhos, conferências e exibição de filmes, movimentando a capital baiana.
Salvador despertou com emoção no último dia de CBAS. A assistente social Tatiany Araujo, que integra a Rede de Assistentes pelo Direito de Decidir, iniciou as atividades com um momento especial de relembrar e denunciar os feminicídios ocorridos no Brasil nos últimos anos. Uma mulheragem a todas que foram vítimas do machismo, do racismo, da misoginia. “Nós queremos estar vivas para andar por trilhas, ir para a natação sem medo, para pedalar pelo mundo, como desejava Julieta Hernandez. Nós queremos estar vivas e seguras, sem temer que nossos lares sejam incendiados, matando de forma bárbara também nossos filhos e filhas”, clamou, com a plenária lotada.
Ainda antes da última conferência, outro momento especial: uma mensagem da assistente social e deputada Luiza Erundina, que não pôde comparecer ao evento, mas reafirmou apoio à categoria, em especial, aos projetos de lei de interesse do Serviço Social na Câmara dos Deputados. A mensagem foi lida pela assistente social e professora Maria Inês Bravo (UERJ).
Polarização política no Brasil em debate
A conferência de encerramento trouxe um tema urgente: “A polarização política no contexto mundial e na particularidade brasileira, o avanço do pensamento conservador e as respostas coletivas do Serviço Social em defesa da vida-liberdade".
Na mesa, João Pedro Stédile, economista e fundador do MST, analisou com precisão o cenário político global e nacional, destacando os desafios para ampliar a luta anticapitalista em sintonia com as pautas da diversidade humana.
A transativista Angela Abuk trouxe reflexões potentes sobre a escalada da polarização política e sobre os desafios das esquerdas na construção de estratégias de resistência e ampliação das lutas em defesa da classe trabalhadora.
Encerrando a conferência, Eblin Farage, assistente social e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), reforçou a urgência de afirmar um projeto de liberdade e emancipação para a classe trabalhadora — conectando o atual contexto político às práticas profissionais do Serviço Social e aos desafios enfrentados pela categoria.
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Referências do Serviço Social
No 18º CBAS, a série “Mulheragem”, do CFESS, com o potente slogan “Nós, mulheres, assistentes sociais de luta”, ganhou três novos marcadores de página especiais — referências a profissionais que fazem pulsar a história e a força do Serviço Social brasileiro.
As novas “mulheragens”, lançadas no dia em que o Brasil recebe atos em todos os estados pelo fim da violência contra as mulheres e contra o feminicídio, celebram trajetórias da professora da UFRJ Marilda Iamamoto, da professora da UFBA Elizabete Pinto, e da assistente social Mauricleia Soares, ex-conselheira do CFESS, que faleceu em 2025, mas permanece viva na luta, na memória e no legado da profissão.
Cada marcador não é apenas um símbolo — é um convite à continuidade, um gesto de reverência, um abraço àquelas que transformaram o Serviço Social com pensamento, afeto, coragem e compromisso.
Encerramento com entidades do Serviço Social
A mesa de encerramento reuniu representantes da Enesso – Math Costa; Abepss – com a presidenta, Joana Valente; CRESS-BA – com o vice-presidente, Bruno Cerqueira; e a presidenta do CFESS, Kelly Melatti.
A conselheira do CFESS iniciou com a prestação de contas, destacando que o CBAS é um evento autossustentável, ou seja, com investimento proveniente exclusivamente das inscrições, dos recursos do CFESS e de apoios institucionais de órgãos públicos. Além disso, informou que o congresso recebeu participantes até mesmo de outros países da América do Sul, África e Europa.
“A gente sai desse evento com o fortalecimento da direção social que orienta nosso trabalho, nossas ações, nossas lutas diárias em todos os espaços que ocupamos, em todos os espaços em que atuamos em cada dia. Eu considero que esse CBAS foi verdadeiramente um sucesso. Reafirmamos nossos compromissos, ao mesmo tempo em que convidamos quem não veio a participar da próxima edição e continuar subindo a ladeira por liberdade com a gente”, celebrou Melatti, declarando encerrado o 18º Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais.
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