Um 2017 de mais mobilização, resistência e luta!
Data de publicação: 29 de dezembro de 2016
Arte: Rafael Werkema/CFESS
Sobrevivemos e chegamos ao fim do árido ano de 2016. Certamente mais densos/as e maduros/as e com acúmulo de diversas expressões de resistência da classe trabalhadora, no ano em que comemoramos os belos 80 anos de uma profissão inscrita no Brasil.
O Conjunto CFESS-CRESS acumulou experiências importantíssimas de avanços no debate de nossa organização política, vivenciando a atualização da metodologia nos Encontros Descentralizados e no Encontro Nacional (EN), num processo de autocrítica e avaliação de nossas ações junto à categoria profissional. E ainda de reflexões sobre nossa inserção no mundo do trabalho, com expressivos debates sobre conjuntura nacional e ainda sobre sigilo profissional, transversalizado pelo projeto ético-político. Várias moções saíram do EM, apoiando as lutas e dando visibilidade ao que a mídia burguesa tenta esconder.
No contexto de uma conjuntura nacional de impactante desmonte da democracia e de nossos direitos sociais e políticos, o CFESS se posicionou de forma cristalina contra os retrocessos em curso, em especial contra os ataques à seguridade social e a volta do primeiro-damismo. Convocamos e estivemos em várias frentes de luta, nas atividades de rua com nossa bandeira, apoiamos as ocupações das escolas, divulgamos nosso posicionamento contra a criminalização sofrida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). No campo da educação, estivemos juntos/as com várias entidades e movimentos sociais na construção do Encontro Nacional de Educação (Ene), em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade. Neste encontro, conseguimos reunir 40 assistentes sociais numa sessão temática em que debatemos Serviço Social na educação e os processo de precarização da formação profissional. Precarização que enfrentamos articulados/as com conselhos profissionais da saúde, construindo e propondo um projeto de lei (PL) contra a oferta de graduação na modalidade à distância.
Iniciamos, neste ano, o processo de Recadastramento Nacional, com o objetivo de qualificar as ações do Conjunto CFESS-CRESS. Profissionais registrados/as nos Conselhos Regionais de todo o Brasil deverão participar do Recadastramento Nacional Obrigatório e também estão convidadas/os a emitir o novo Documento de Identidade Profissional (DIP) e a responder às questões da Pesquisa “Perfil dos/as assistentes sociais no Brasil: condições de trabalho e exercício profissional”. Esta pesquisa é opcional, mas é fundamental para subsidiar e fortalecer as ações do Conjunto CFESS-CRESS na defesa do exercício profissional, que sofre cotidianamente com a precarização dos serviços públicos, com a banalização da vida social e com a deterioração das condições e relações de trabalho.
Destacamos a realização do 15º Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS) em Pernambuco, que comemorou de forma intensa os 80 anos da profissão, com a participação de 3500 assistentes sociais de todo o país. Além da apresentação de estudos, pesquisas e relatos em pôsteres, debates temáticos e mesas centrais com debates sobre questão social, trabalho e conjuntura, estivemos nas ruas do Recife junto com centenas de movimentos sociais no Grito dos Excluídos. Um momento emocionante do evento foi a exposição Serviço Social: memórias e resistências contra a ditadura militar. Projeto que recupera depoimentos de assistentes sociais que sofreram violação de direitos no período de 1964 a 1988.
Atenta aos debates das relações internacionais e direitos humanos da classe trabalhadora, a gestão do CFESS Tecendo na luta a manhã desejada (2014-2017) promoveu o Seminário Nacional Serviço Social, relações fronteiriças e fluxos migratórios internacionais, que foi muito bem recebido pela categoria e nos fez avançar nas reflexões nesta seara. Lançamos, em mais um curso Ética em Movimento para Agentes Multiplicadores/as, as cartilhas contra o preconceito, iniciando a série com os debates sobre o que é preconceito, xenofobia, racismo, transfobia, o estigma do uso de drogas. Além dessas ações, demos continuidade a várias outras:
· Continuação do projeto CFESS na Estrada, visitando os Cress CE, RS, MS, DF, SE, TO, RJ, para discutir questões relacionadas à fiscalização profissional, aos recursos éticos, à área administrativo-financeira, dentre outros assuntos;
· Articulação com entidades e outros Conselhos Federais nas lutas em defesa da saúde, assistência social e educação pública;
· Acompanhamento e incidência na tramitação dos projetos de lei de interesse da categoria, participando ainda de audiências públicas na Câmara dos Deputados para debatê-los, enfatizando a defesa de condições éticas e técnicas para o trabalho de assistentes sociais;
· Participação nos espaços de controle social das políticas públicas (assistência social, saúde, idoso/a, criança e adolescente, LGBT), com destaque para as coordenações do Fentas e do FNTSUAS;
· Participação em eventos internacionais do Serviço Social e de espaços de organização de profissionais no âmbito latino-americano e caribenho, com destaque para a coordenação do Colacats;
· Ações de fortalecimento da articulação programática com a Abepss e Enesso, principalmente na realização de atividades e ações previstas no Plano de Lutas em Defesa do Trabalho e da Formação e Contra A Precarização do Ensino Superior. continuação do GT trabalho e formação;
· Desenvolvimento da revisão dos instrumentais de fiscalização profissional;
· Sistematização da Política Nacional de Inadimplência;
· Reuniões com as representações do CFESS nos espaços de controle social;
· Participação no 15º ENPESS
· Participação e apoio ao projeto Abepss itinerante e Fórum Nacional de Estágio.
Em setembro deste ano, disponibilizamos a Agenda Assistente Social 2017 com o tema Serviço Social nas ruas, nas trincheiras, tema inspirado nas diversas lutas históricas internacionais e nacionais da classe trabalhadora. O projeto editorial e o projeto gráfico dialogam com a convocatória da entidade para o próximo ano. Ano que leva a herança de muitas perdas do ano que finaliza. Mas o ano também que terá como horizonte o enfrentamento das derrotas sofridas, certamente sentidas na pele de cada trabalhador/a.
É no curso da história das ruas e das lutas que renasceremos todos os dias em defesa das nossas vidas e da vida de muitas gerações, prejudicadas pela ganância anunciada do aprofundamento do ajuste fiscal. Se hoje esta armadilha nos encurrala, evidenciando que, na luta de classes não há empate, vamos nos fortalecendo para as batalhas que nos avizinham. A esperança assim dita não é ilusão, está bem aqui ao lado, não muito longe de nós, no chão da história.
Boas festas, um ano novo tecendo na luta, nas ruas, em cada canto deste país, a manhã desejada!
Madrugada – Ferreira Gullar
Madrugada
Do fundo de meu quarto, do fundo
de meu corpo
clandestino
ouço (não vejo) ouço
crescer no osso e no músculo da noite
a noite
a noite ocidental obscenamente acesa
sobre meu país dividido em classes.