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CBAS tem segunda-feira de expectativa para o Ato Público


Data de publicação: 2 de agosto de 2010



Sâmya Rodrigues fala em uma das plénárias do dia
(Foto: Rafael Werkema)

Com auditórios lotados, as plenárias programadas para o terceiro dia do XIII CBAS iniciaram seus trabalhos dividindo os congressistas entre as mesas Tendências da Política Social no Contexto da Crise e Impactos para o Serviço Social; Feminismo, Marxismo e Serviço Social e, ainda, Resistências e Lutas em Defesa da Qualidade na Formação e no Trabalho Profissional. Os mediadores também convocaram os participantes para o Ato Público em defesa de direitos, que ocorre amanhã, a partir das 8h30, na Esplanada dos Ministérios.

 

Na primeira mesa, a pós-doutora e professora da Universidade de Brasília (UnB) Potyara Pereira começou a intervenção fazendo um histórico da política social no Brasil. "Desde os anos 80, ela se submete ao ideário neoliberal, tornando-se contraditória e ambivalente e provocando um enorme prejuízo social", afirmou. Pereira explicitou o que ainda o que considera as tendências atuais da política social. "As políticas típicas sociais do neoliberalismo baseiam-se em três eixos dominantes: focalização, ao restringir a cobertura da política social aos mais pobres dentre os pobres, sendo que por ser pública deveria ser para todos,; a privatização ao transferir a execução das atividades públicas a entidades particulares e a descentralização, ao segmentar o principio da universalidade e desregulamentar a economia. Por fim, a professora citou as implicações disso para o serviço social.  "Cabe ao serviço social eleger outro rumo, o que vai exigir dos profissionais um compromisso teórico, pois não se faz mudanças sem teoria, como já dizia Lênin", finalizou.

 

Em seguida, continuou o debate a pós-doutora e professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Maria Carmelita Yazbek. A exposição da professora foi pautada por uma reflexão sobre os principais desafios que se colocam para as políticas sociais, para a profissão e para o serviço social neste inicio de milênio, voltado para o enfrentamento da desigualdade, diante das transformações que ocorrem no capitalismo contemporâneo. "A financeirização da economia trouxe conseqüências devastadoras para a política, pois as classes e seus interesses foram excluídos dela. Os principais resultado são o desemprego, a destruição ambiental e as guerras permanentes", registrou. Após comentar sobre a crise do capital e suas repercussões na política social, Yazbek apontou o papel dos/as assistente sociais nessa realidade. "Estamos envolvidos diariamente na construção dessas políticas, mas precisamos aprender a explorar possibilidades. Convivemos com vários problemas relativos à injustiça da questão social brasileira e por isso precisamos entender as bases desse tempo de barbárie para construirmos mediações que nos possibilitem enfrentar as questões do dia a dia", concluiu.

 

Findando a primeira mesa, a professora doutora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Maria Inês Bravo abordou quatro tópicos: antecedentes históricos nas décadas de 80 e 90 nas lutas sociais e na profissão, os impasses da crise do capital, as tendências da política social e as lutas sociais da atualidade. "Hoje, depois de décadas de política neoliberal, e diante de uma crise estrutural do capitalismo, ocorre o agravamento da fragmentação da classe trabalhadora, no intuito de desmobilizá-la.", argumentou. Segundo a professora, há desafios aos movimentos sociais na atualidade, dentre os quais recompor a esquerda no Brasil, em articulação com a America latina, articulando a aliança de lutas entre os movimentos e colocando o socialismo na agenda política e estratégica. Enfim, Bravo encerrou a apresentação falando dos impactos desta conjuntura no serviço social. "Faz-ne necessário um revisionismoteórico-politico, uma vez que a crise provoca a instituição de elementos distintos do que defendemos no Projeto Ético-Político, gerando impasses na formação e na atuação profissional. É preciso defender de forma radical o Projeto Ético-Político e criar condições para sua materialização no cotidiano, articulando as lutas institucionais em defesa das políticas públicas universais", exclamou.

 


A professora Maria Inês Bravo no XIII CBAS (Foto: Diogo Adjuto)

 

A Plenária Resistências e lutas em defesa da qualidade na formação e no trabalho profissional foi aberta com a palestra da conselheira do CFESS Sâmbara Paula Ribeiro, que contextualizou a crise do capital, expressa na precarização do trabalho e da formação, e seus impactos no exercício profissional. "O Ensino a Distância (Ead), exemplo da privatização do Ensino Superior, não caracteriza o projeto de formação profissional que defendemos e, portanto, não prepara para o exercício profissional qualificado que atenda os princípios éticos do Serviço Social", afirmou.

 

Sâmbara destacou também que a resistência e as formas de lutas do Conjunto CFESS-CRESS, ABEPSS e ENESSO diante deste processo de precarização estão pautadas, principalmente, no Plano de Lutas em Defesa do Trabalho e da Formação com Qualidade. "O fortalecimento da Resolução 533/2008, que regulamenta o a supervisão de estágio em Serviço Social, a elaboração do documento que sistematiza as informações e irregularidades do Ead no país e a campanha nacional (articulada com ABEPSS e ENESSO) em defesa do trabalho e formação com qualidade são exemplos dessas ações", completou. Ao final, destacou as principais conquistas neste processo, como o fechamento de pólos de Ead, o descredenciamento da Unitins e posterior abertura de curso presencial da instituição, entre outros.

 

Em seguida, a Coordenadora Nacional de Graduação da ABEPSS Sâmya Rodrigues Ramos fez uma análise da contrarreforma do Ensino Superior no Brasil no contexto de hegemonia do neoliberalismo que "retira direitos e transforma a educação em mercadoria". Fez questão de ressaltar as expressões da contrarreforma no atual governo, como os programas Prouni, Reuni, Ead e Sistema nacional de avaliação do ensino superior (Sinaes/Enade), e suas implicações no processo de formação profissional em Serviço Social. "O ensino a distância nos cursos de graduação de Serviço Social inviabilizam a garantia dos princípios defendidos nas diretrizes curriculares da ABEPSS e dificultam a manutenção da direção ético-política do Projeto profissional construído nas ultimas três décadas no Brasil", problematizou.

 

Sâmya também levantou as lutas travadas pela atual gestão da ABEPSS na defesa da qualidade na formação profissional. "A Política Nacional de Estágio (PNE), os Grupos Temáticos de Pesquisa (GTPS) e a crítica avaliação dos Cursos de graduação fazem parte da nossa estratégia", completou. A representante da ABEPSS ressaltou ainda a importância da continuidade da articulação política das três entidades representativas do Serviço Social em defesa na qualidade do trabalho e da formação e por um "projeto societário que atenda as necessidades humanas e elimine a exploração e todas as formas de opressão".

 

Para encerrar a plenária, a estudante de Serviço Social da UFRJ e ex-coordenadora de Formação Profissional da ENESSO Malu Vale fez um breve resgate histórico das políticas das políticas neoliberais e seus rebatimentos na Política de Educação e os seus desdobramentos na reforma universitária por meio dos programas promovidos pelo atual governo. "O Sinaes/Enade avalia de forma incorreta a questão do ensino na universidade, em vista que o estudante é o grande foco da avaliação. Isto significa que a instituição e o curso e graduação são colocados em segundo plano, responsabilizando o/a estudante pela precariedade da Política de Educação", avaliou. Para finalizar, Malu reafirmou o posicionamento do movimento estudantil do Serviço Social em boicotar o Enade, em parceria com Associação Nacional de Docentes no Ensino Superior (Andes), como uma ação imediata de resistência da precarização do Ensino.

 

De maneira irreverente, mas sem perder a radicalidade, a assistente social e militante do movimento feminista Telma Gurgel iniciou a plenária Feminismo, Marxismo e Serviço Social abordando o feminismo no âmbito marxista, resgatando a história da relação entre as duas correntes de pensamento. Apontou a Igreja, a família e o Estado como os três grandes inimigos do feminismo, denominando-os de tríade da opressão. "Há grandes tensionamentos do movimento com esta tríade. O trabalho doméstico da mulher é usado como elemento da reprodução social em uma sociedade patriarcal, sexista e machista. E fundamental para a ordem do Capital", afirmou. "Como é que podemos pensar política pública, por exemplo, se estamos areando panela? Eu sempre digo: pra que arear panela se a vida não esta nela?", ironizou.

 

Telma Gurgel apresentou ainda alguns desafios do movimento feminista, como o reconhecimento das diversidades do feminismo, tendo em vista que existem concepções diferenciadas mas lutas comuns, o fortalecimento da direção política para romper com o pragmatismo e a retomada dos grupos de reflexões das mulheres, que já existiram em alguns momentos da história do movimento. Para finalizar, Telma ressaltou que é fundamental a categoria retome a agenda proposta pelo movimento feminista, pois é "na mulher que a desigualdade se expressa da forma mais violenta e frontal". "Não há socialismo sem feminismo", concluiu.

 

A assistente social e professora da UnB Marlene Teixeira ficou com a responsabilidade fazer a discussão do feminismo e marxismo no âmbito do Serviço Social. Ela destacou quatro pontos: contribuições do movimento para a profissão, enquanto inserida na divisão social do trabalho e disciplina acadêmica, centralidade que a agenda feminista ganha no fim dos anos 60, considerações históricas entre o feminismo e o Serviço Social, na discussão dos direitos sociais e da política social e, por último e mais importante, a necessidade de uma relação mais próxima, ou "orgânica", entre o movimento feminista e os/as assistentes sociais.

No início da noite, os participantes do CBAS puderam conferir a sessão de apresentação de Pôster após as plenárias.

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