Começa o XIII CBAS!
Data de publicação: 31 de julho de 2010
Mesa de abertura do CBAS composta pelo CFESS, ABEPSS, CRESS-DF e ENESSO
(foto: Bruno Costa e Silva)
Começou hoje, 31 de julho, a 13ª edição do maior evento do Serviço Social brasileiro. Brasília, a cidade síntese das grandes contradições, construída pelos trabalhadores do Brasil, recebe mais de 2500 assistentes sociais e estudantes para um debate fervoroso de seis dias sobre as lutas sociais e o exercício profissional no contexto da crise do Capital. "Estamos aqui, na capital do país, para problematizar a crise contemporânea do capital e afirmar: a classe trabalhadora não deve pagar a conta. Estamos aqui para dizer não à discriminação, à violação dos direitos. Chamamos o Serviço Social para reafirmar os valores e princípios da profissão", conclamou a presidente do CFESS, Ivanete Boschetti, durante a abertura.
Pouco antes da mesa inicial, participantes congressistas de diversos estados do país já demonstravam grandes expectativas sobre o CBAS."O Congresso é uma maneira de reafirmarmos nossa identidade profissional e nos atualizarmos. Um evento desta grandeza fortalece a luta da categoria", disse David Pereira Cruz, assistente social do Judiciário de Fortaleza (CE).
Os/as estudantes também estavam ansiosos para o Congresso. E teve gente que viajou mais de 44 horas para chegar a Brasília. "Viajamos 12 horas de barco de Breves (na ilha de Marajó, no Pará) a Belém, e depois encaramos mais de 32 horas de estrada até aqui", relataram os estudantes paraenses Ouripson Felix e Samuel Rice. Eles tiveram seu trabalho aprovado para apresentação no CBAS. "Estamos esperando um evento grandioso. Nosso orgulho é estar aqui representando a Ilha de Marajó, com um trabalho que caracteriza o estigma da pobreza de nossa região".
Samuel e Ouripson viajaram da Ilha de Marajó/PA
para participar do CBAS (foto: Rafael Werkema)
Mesa de abertura
A presidente do CRESS-DF, Fernanda Fernandes, deu início à mesa de abertura destacando que, pela primeira vez, Brasília recebe um CBAS. "É um importante marco, tendo em vista que estamos no centro político do país. Uma cidade carregada de concreto, mas também de candangos. Uma cidade de extrema desigualdade social, mas que ainda se indigna. Agora, uma Brasília viva e combativa", exclamou.
Em sua fala, Fernanda ainda destacou o papel da categoria no momento político que o país vive. "Temos que reconhecer a nossa postura de trabalhadores/as e nos juntar às lutas sociais por emprego e condições dignas de trabalho".
Em seguida, o coordenador da Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (ENESSO), Mario Pereira de Nascimento Silva, destacou a importância do CBAS e criticou o Ensino a Distância, "apropriado pelo Capitalismo como forma de exploração do capital".
A presidente da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), Elaine Behring, destacou a alegria e a emoção de um "Congresso que tem muitas linguagens: a acadêmico-profissional, a das artes e também a das lutas. Por isso devemos somar forças contra todas as formas de exploração e discriminação. Romper com o imediatismo, alienação e a barbárie generalizada". Elaine também chamou a atenção para as eleições 2010, afirmando que é necessário qualificar o ambiente político brasileiro, propondo elevar o nível do debate político na perspectiva do socialismo.
Para encerrar a mesa de abertura, a presidente do CFESS, Ivanete Boschetti, ressaltou o tema do CBAS. "Estamos aqui, 31 anos após a realização do 3º CBAS, marco político da profissão, para reafirmar que a mudança só será possível pelas lutas sociais. Só assim estaremos sendo fieis aos valores do Projeto ético-político profissional construído nos últimos 30 anos". Ivante também conclamou os/as participantes a fortalecerem o Ato Público, que acontece na próxima terça-feira, dia 3 de agosto, na Esplanada dos Ministérios.
Lutas Sociais e Exercício Profissional no Contexto da Crise do Capital
A primeira e tão esperada conferência do CBAS abordou o tema central do Congresso. O professor da UFRJ e doutor em Sociologia (USP) Mauro Iasi ficou com a tarefa de fazer uma leitura da conjuntura e os impactos da crise na vida do trabalhador. "A conjuntura é marcada de regressões e inflexões políticas, precarização das condições de trabalho e criminalização dos movimentos sociais", afirmou. Iasi fez uma comparação entre a atual crise do capitalismo e a da década de 70, apontando um importante diferencial: "a crise atual provoca um efeito nefasto ao pulverizar os/as trabalhadores que deixam de se ver como classe. O que se vê hoje é a desconstrução da "classe como classe". Os sujeitos se veem individualizados, afastados de uma luta coletiva", ressaltou o professor.
Mauro Iasi na Conferência de Abertura (foto: Bruno Costa e Silva)
Iasi afirmou também que a crise impactou os/as assistentes sociais em diferentes planos e que o tempo agora é para além da resistência. "A categoria deve tomar a iniciativa. É preciso dar uma resposta ideológica à ofensiva do sistema capitalista. E o Serviço Social tem experiência e acúmulo teórico, político e organizativo para isso", finalizou.
A professora doutora Ana Elizabete Mota, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), aproximou ainda mais o debate ao cotidiano da categoria. Ela falou sobre a gravidade da atual crise do sistema capitalista, que reforça a falaciosa noção de ampliação dos direitos sociais. "O acesso a bens e direitos é defendido com argumentos equivocados: fala-se em ampliação da educação, mas isso ocorre com educação paga. Fala-se em expansão da educação, porém com a educação a distancia, que desqualifica sim a formação profissional critica de qualquer área", ressaltou.
Ana Elizabete destacou ainda o papel dos profissionais do Serviço Social na construção do Projeto ético-político profissional. "Nossos históricos desafios emergem da questão social, das lutas e dos movimentos sociais. O Serviço Social é uma das profissões que mais densamente vem problematizando a formação profissional, sem ser corporativista. A nossa profissão tem um ideário que se revela no projeto ético-político", completou.
O primeiro dia de CBAS foi encerrado com um grande show da brasiliense Ellen Oléria, que esquentou ainda mais o anfiteatro do Centro de Convenções Ulysses Guimarães.
Confira as fotos do Congresso
Leia também: Campanha pela aprovação do PL 30 horas está nas ruas
Conselho Federal de Serviço Social - CFESS
Gestão Atitude Crítica para Avançar na Luta – 2008/2011
Comissão de Comunicação
Rafael Werkema - JP/MG 11732
Assessoria de Comunicação [email protected]