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SOCIALISMO E ECOLOGIA


Data de publicação: 31 de janeiro de 2009


É provável que uma das pessoas mais requisitadas desse Fórum da Amazônia seja o professor Michael Löwy. Com participação em pelo menos sete atividades, o brasileiro radicado na França falou ontem para um público formado essencialmente por assistentes sociais.

Foi durante a oficina organizada pelas universidades UFPA, UEA, UFAM e CRESS-PA/CFESS. Löwy é um sociólogo marxista, teórico do ecossocialismo: que é fundado em bases do movimento ecologista e da crítica marxista. Com essa teoria, Löwy diz combater a "ecologia de mercado", que orienta a reciclagem do lixo, mas não desafia o sistema capitalista.

Progresso para quem?

Na aula apresentada no FSM, Crítica do Progresso Linear e Questão Ecológica em Marx e Engels, Löwy parecia fornecer uma alternativa civilizacional ao "processo destrutivo" do capitalismo. Algo fundado nos "critérios não-monetários e extra-econômicos" das necessidades sociais e do equilíbrio ecológico. Ele questionou, por exemplo, o consumo que deriva de uma publicidade capaz de despertar falsas necessidades, como a de beber coca-cola.

Para uma nova sociedade baseada na racionalidade ecológica, no controle democrático, na igualdade social e no predomínio do valor de uso sobre o valor de troca, seria necessário acabar com a propriedade privada e coletivizar os meios de produção.

Citou Marx e Walter Benjamin para questionar a utilidade de "projetos de desenvolvimento" que são implantados pelo mundo. Com os mesmos princípios que condenou a coca-cola, denunciou a inutilidade de determinados planos de progresso. Neste momento abriu espaço para ouvir as histórias das pessoas que estavam presentes.

Um integrante de uma comunidade tradicional no Ceará falou com conhecimento de causa sobre um projeto do governo estadual no território onde vive. Diz que as pessoas tiveram que abandonar a pesca por causa da poluição.

Passaram a se dedicar à plantação, mas foram logo impossibilitadas porque não tinham nenhum documento legal sobre a terra que ocupavam, embora esse lugar pertencesse ao seu povo há gerações. Ele recusa o progresso que lhe oferecem, mas nos papéis oficiais sequer consta a existência da população naquela área.

Gaia, chuvas e multidões

São inúmeras as abordagens que exploram o tema do meio ambiente neste Fórum. À tarde, Leonardo Boff e Marina Silva fizeram suas contribuições sobre o assunto. Boff falou como quem reencontra velhos companheiros de luta: "Nós estávamos certos", disse, ao iniciar sua análise sobre a crise atual e os efeitos no meio ambiente. "Agora que o capitalismo está afundando, banqueiros norte-americanos estão sendo apresentados a Marx."

Depois explicou que Mangabeira Unger foi professor do presidente Barack Obama e de muitos assessores da Casa Branca. Por causa disso foi chamado a Washington para dar orientações neste período incerto. Encontrou economistas perdidos. Recomendou Marx.

Leonardo Boff discorreu de forma poética sobre a situação do planeta. "Não somos os donos, não a criamos, foi ela quem nos criou", disse se referindo a Gaia, deusa da Terra. Uma chuva torrencial e interminável quebrou a rotina de chuvas passageiras nas tardes de Belém, e fez a multidão se espremer dentro dessa tenda no meio do campus da UFRA.

Marina Silva falou em seguida. Foram cerca de quarenta minutos acelerados, praticamente sem interrupção. Ela se mostrava indignada. Falou de si mesma, lembrando que foi humilhada no Congresso Nacional, quando a apelidaram de senadora dos macacos.

Denunciou as propriedades privadas na Amazônia e pediu licença para falar um poema que tinha feito especialmente para aquele momento. Terminava dizendo: "Darei o melhor de mim onde precisar o mundo, que cada um dê o melhor de si para esse novo mundo possível." 

 

Veja abaixo as imagens do dia 30 de janeiro do FSM 2009

 

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Bruno Costa e Silva - Assessor de Comunicação-CFESS

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