50 anos de CBAS: exposição marca a trajetória de luta da profissão
Data de publicação: 6 de dezembro de 2025
Fotos: Diogo Adjuto e Rafael Werkema
Créditos: Rafael Werkema
Exposição Serviço Social na travessia entre sombras e o horizonte coletivo. Este é o nome da exposição sobre os 50 anos do Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, aberta no dia 4 de dezembro de 2025, no Centro de Convenções de Salvador, dentro da programação do 18º CBAS, que termina no próximo dia 7.
A exposição é marco histórico para a profissão. Ela reúne textos, fotos e documentos das 18 edições de congressos, que contam uma travessia emocionante do CBAS e da própria profissão e da categoria.
“Mais do que apresentar a cronologia dos CBAS, a exposição propõe uma caminhada pelo Serviço Social – e seus congressos – na história. Cada painel, imagem, objeto, elemento, é um convite para que assistentes sociais e demais visitantes se reconheçam e se percebam nas memórias que atravessam nosso tempo”, diz trecho da apresentação. É uma travessia que passa pelo período de autoritarismo, pela luta pela redemocratização e pela resistência de uma profissão ao longo de cinco décadas.
A exposição é inspirada nos registros da Professora Marilda Villela Iamamoto, que estudou todos os CBAS realizados até então e participou de grande parte deles. A Professora Marilda guardou todo o material e, ao compartilhá-lo com as entidades da categoria profissional, impulsionou a realização da mostra.
“Muito linda e emocionante”, disse a professora Marilda, durante a visita guiada por Maurilio Matos e Esther Lemos, que contribuíram com a curadoria da exposição.
“A exposição nasceu do encontro de muitas memórias, ideias e generosidades — pessoas que partilharam tempo, saberes e esforços para dar visibilidade a esta história. Foram buscas e consultas em acervos próprios, em arquivos das entidades do Conjunto CFESS-CRESS e pesquisas documentais na internet, em livros e com a oralidade de quem viveu tudo isso”, explica Kelly Melatti, presidenta do CFESS.
Na travessia da exposição
Por meio de painéis impressos, lambe-lambes (pôsteres de papel colado com grude) pregados em paredes de madeira, televisões, objetos, livros e peças gráficas antigas, fotografias e objetos, a história dos CBAS é contada em cinco atos.
O Ato 1 é a reflexão sobre os primeiros CBAS, realizados no contexto da ditadura civil-militar e acompanhando um projeto profissional de pouca crítica social.
O Ato 2 conta a “virada” da profissão, com o simbólico 3º CBAS, ocorrido em São Paulo (SP), em 1979, e seus desdobramentos, insere a crítica marxista na história e a renovação do Serviço Social brasileiro. Marca o período de redemocratização e a implicação de assistentes sociais nas lutas sociais.
O Ato 3 marca o início da denúncia do neoliberalismo, que ataca a perspectiva cidadã, projetada nas disputas societárias que marcaram a Constituição Federal de 1988.
Em seguida, o Ato 4, ressalta a organização política da categoria e seu posicionamento em face dos acontecimentos do Brasil e do mundo, na defesa intransigente dos direitos
humanos, da democracia e na denúncia da unidade exploração-opressão, que se expressa na vida da classe que vive da venda da sua força de trabalho.
O Ato 5 que convida a categoria a valorizar e espraiar o legado do Serviço Social na história, reconhecendo assistentes sociais como sujeitos desse processo, que terá, ainda, muitos atos a serem construídos! Apontam
Dentre os grandes painéis, destaque para a “Mesa Virada”, com a foto de abertura do 3º CBAS (1979). Ela havia sido inicialmente composta por autoridades e, dentre elas, representantes da ditadura civil-militar no Brasil. No entanto, assistentes sociais organizadas, em luta e em articulação com movimentos sindicais e sociais, entraram no auditório e depuseram essa mesa, ocupando os lugares e instituindo uma Comissão de Honra. São sujeitos desse processo Luiza Erundina, dentre muitas outras, que deram novo nome ao CBAS, com a faixa: “Todos os trabalhadores brasileiros: aqueles que lutaram e morreram pelas liberdades democráticas”.
O 3º CBAS é conhecido como “Congresso da Virada” por esse motivo, porque a mesa foi “virada”, numa simbologia ao processo de renovação do Serviço Social brasileiro, que demarcou ruptura com o Serviço Social tradicional e com o conservadorismo.
Logo na frente do painel, duas mesas foram colocadas para simbolizar isso, reforçando o legado que permanece vigente no Serviço Social de hoje!
Outro painel importante traz os dados resumidos dos 18 CBAS, com local, data, número de participantes e trabalhos. Estima-se que 51 mil pessoas estiveram nos congressos ao longo de cinco décadas, com mais de 12 mil trabalhos apresentados.
Para encerrar a travessia, foi pensado um mural que permite interação das pessoas: na primeira parte, a ilustração da árvore da capa do Código de Ética possibilita que as pessoas escrevam o que pensam para o #futurodoCbas.
Em seguida, a exposição termina com um espelho, um agradecimento e uma convocação a cada assistente social, como parte desse legado, com um horizonte de muitos CBAS que precisarão ser construídos com entusiasmo e compromisso de sujeitos que formam o Serviço Social brasileiro!
Em breve, o CFESS divulgará um vídeo sobre a exposição.